A Menina que Desenhava

06-10-2010 15:15

 

Era uma vez uma cidadezinha do interior, onde vivia uma menina chamada Isabel.

Isabel morava com os pais e um irmãozinho. Ela adorava desenhar. Vivia a desenhar todo o tempo.

A sua cidade era muito bonita, tinha um parque cheio de árvores, pássaros e um lago com muitos peixinhos coloridos. Isabel adorava a natureza à sua volta.

O céu da sua cidadezinha era de um azul tão azul, mas tão azul, que contrastava com aquelas nuvens tão branquiiiinhas.

E o ar? O ar dava gosto respirar, de tão puro.

Mas à medida que Isabel crescia, a sua cidade também crescia. A cidade dela crescia imenso, todos os dias e desordenadamente, e por isso foi acontecendo uma coisa horrível.

De repente, as árvores foram desaparecendo e em seu lugar foram surgindo prédios, foram surgindo fábricas, lojas e outras coisas feitas com cimento e metais duros. 
 

Então, Isabel começou a ficar muito preocupada, pois aquelas cores de que ela tanto gostava, o verde das árvores, o azul do céu, o vermelho das flores, aos poucos, iam desaparecendo.
 
Foi aí que ela teve uma GRANDE ideia!

Antes que todas as cores deixassem de existir de vez, ela foi desenhando e pintando, que era para não se esquecer nunca mais de como era toda a natureza que um dia existiu ali.

Ela começou pelo parque. Fez então um desenho lindo, de árvores bem verdinhas. Foi óptimo, pois, no outro dia, destruíram o parque para fazer um shopping no seu lugar.

Então, ela fez um desenho daquele céu azul, com nuvens muito engraçadas e branquinhas. Foi bem na hora, pois no outro dia inauguraram uma fábrica que soltava uma fumarada terrível e a cidade não viu mais aquele céu, assim, azul.

Depois Isabel resolveu desenhar o lago com os peixinhos – dourados, prateados, vermelhos e todas as cores. E sabem que dias depois houve um problema com os esgotos da cidade e foram parar justamente a este lago? Ainda bem que havia um riozinho que ligava o lago ao mar e foi por aí que vários peixinhos fugiram. Infelizmente, muitos não conseguiram escapar e acabaram por morrer sufocados.

A menina começou a prestar atenção às pessoas que moravam na cidade e observou que elas já não tinham aquela alegria de antes. Viviam sempre com pressa, preocupadas, e até meio cinzentas. Nem tempo elas tinham mais, para contar ou ouvir histórias… Coitadas...

Isabel sabia que as pessoas estavam daquela maneira porque não tinham mais cor nas suas vidas, foi aí que ela teve outra grande ideia: para que as pessoas pudessem lembrar-se de novo como era bonita a sua cidade, ela espalhou os seus desenhos na praça, para que todos vissem e se lembrassem.

Naquele dia aconteceu uma coisa extraordinária - as pessoas realmente pararam, pararam um pouco para ver os desenhos. E mais extraordinário ainda, a fábrica parou, os carros pararam, e todos ficaram suspensos, relembrando de como eram felizes quando viviam com toda aquela cor da natureza à sua volta.

Aconteceu, então, que as pessoas perceberam que tinham de fazer alguma coisa para trazer as cores de volta.

Decidiram que iriam replantar as árvores, organizar as fábricas para que elas não poluíssem o meio ambiente, resolver de outra forma o problema do esgoto, para que os peixinhos voltassem.

E o mais extraordinário é que, mesmo quando julgavam que ia ser tão difícil, tudo isso foi feito e, então, a cidade voltou a sorrir.

E sabem o melhor?

Isabel, a menina que desenhava, entrou para a história da cidade. Fizeram uma estátua em forma de mesa para ela, no meio da tal praça, outra vez cheia de árvores e de pássaros e, agora, todos podem desenhar na praça. 
 


Márcia Hazin,

Traduzido e adaptado

 

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